terça-feira, 29 de setembro de 2009

A ONDA

Recentemente tive o prazer de assistir ao filme alemão "A ONDA"(Die Welle), do diretor Dennis Gansel. Estreou há pouco nos cinemas de todo o país e é uma excelente dica para todos.
O filme é um remake do curta-metragem "The Wave", do diretor Alex Grasshoff, de 1981, feito originalmente para a TV.
A estória baseia-se em um incidente real ocorrido na Cubberley High School, uma escola secundária norte-americana em 1967, em Palo Alto, Califórnia. Antes de virar filme, foi romanceado em livro homônimo de Morton Rhue.
Na ocasião, o professor (de estilo alternativo) Ron Jones, resolve realizar uma experiência com seus alunos recriando, no ambiente de sala de aula, um regime autocrático. Com a empreitada, o professor convidava seus alunos a repensarem a crença que tinham de que não mais havia espaço nos dias atuais para a instauração de regimes totalitários, como o nazismo.
O resultado é avassalador e visceral para todos com um desfecho trágico. Pode-se imaginar que as coisas não sairam como previsto...
O mais interessante aqui é destacar o quanto esse tema está relacionado com a violência em geral e, também, com a violência nas escolas.
Destacando os pilares do totalitarismo alemão (nazismo) "poder, disciplina e superioridade", o filme nos convida a pensar em como esses princípios sustentam-se na intolerância ao outro - ao diferente - e à sua consequente exclusão, seja por meio da força, do silenciamento ou do controle. E não são essas também as raízes da violência nas escolas na maioria dos casos?
O que é o bullying que não uma representação da intolerância? O que são as práticas discriminatórias praticadas na escola?
Fica então o convite para assistir e refletir sobre o tema. Segue o trailler:



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PROFESSORA FERIDA POR BOMBA CASEIRA



MATÉRIA DO JORNAL ESTADO DE MINAS DE 04/09/09:

Uma professora da rede pública, em Belo Horizonte, foi hospitalizada ontem ao ser atingida por bombas de fabricação caseira instaladas debaixo de sua mesa por um aluno. É o segundo caso de agressão, na capital, em poucos dias. Na semana passada, uma professora levou uma pedrada na cabeça. De 2007 até o primeiro trimestre deste ano, a Secretaria de Estado de Defesa Social registrou 129 casos de violência contra funcionários da rede estadual.

O ataque com a bomba resultou na internação, ontem, no Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente Infrator (CIA) de BH, do estudante de 15 anos autor da infração. Ele feriu a professora Dorotéia Maria da Cruz, da Escola Estadual Melo Viana, no Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste da capital. O ato teria sido uma vingança contra a professora, que estava há três dias no local, substituindo uma profissional afastada por problemas de saúde.

Na terça-feira, primeiro dia de trabalho na escola, o aluno teria reagido com palavrões ao chamado de atenção de Dorotéia e jogado uma bolinha de papel na nuca dela. Encaminhado à diretoria, o estudante a ameaçou. Ontem, ele teria amarrado bombas de fabricação caseira embaixo da mesa da sala de aula. O material teria pequeno potencial explosivo, segundo a Polícia Militar, mas foi suficiente para causar ferimentos na perna da professora, que foi socorrida no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.

Segundo a Polícia Militar, após o socorro Dorotéia foi encaminhada para o Instituto Médico Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito. O adolescente fazia parte de uma turma especial para repetentes de ano. O diretor do colégio, José Laércio de Souza, disse que o menino não tinha um histórico de agressões. “Uma bagunça sem violência é normal. Nós ficamos surpresos com a atitude dele”, conta.

Já os vizinhos do colégio reclamam que sempre há tumulto na entrada. “Frequentemente, escutamos estouros vindos da escola”, diz uma moradora que preferiu não se identificar. A SEE informou que uma inspetora está acompanhando a rotina do colégio e entregará um relatório. Em 2007, foram registrados 66 casos de violência contra funcionários na rede estadual; em 2008, foram 59. Até março deste ano, quatro casos foram contabilizados, mas ainda há processos não finalizados.

A situação enfrentada pela escola é similar a de muitas outras instituições brasileiras, segundo Miriam Abramovay, socióloga e pesquisadora da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla). “A violência acontece muitas vezes porque a escola não escuta os alunos. As instituições deveriam fazer um diagnóstico e começar um processo de educação, onde todos os professores possam aprender a mediar conflitos“, afirma.

Segundo Abramovay, essa violência aparece nas relações sociais. “As microviolências, como agressões verbais e físicas, apelidos e homofobia desencadeiam esses ataques”, afirma. Se a perda de controle do aluno se dá em uma sala de aula, a instituição de ensino também tem uma parcela de responsabilidade.

A socióloga considera que os pais também contribuem para esse desequilíbrio, mas não são os culpados. “É muito fácil a escola pôr a culpa nos pais, mas eles também enfrentam situações difíceis. Grande parte tem escolaridade menor que os filhos e também não sabem o que fazer. A escola não dialoga com a família e a situação se complica“, dis.

Ela afirma que ainda não existem receitas prontas para a solução do problema. “A primeira coisa a se fazer é um diagnóstico da situação, como a Ritla fez em Brasília.” Abramovay diz que cada reação de alunos contra os colegas de classe, professores e funcionários deve ser encarada como uma “mensagem de que algo não está indo bem”. A solução inicial seria preparar melhor os professores para essas situações.

Enfim, variações sobre o mesmo tema...
A pergunta é: até quando?
Até quando as escolas se dividirão em dois grupos: os alunos enlouquecidos x os professores desesperados?
Perderemos definitivamente a capacidade de escuta e de intervenção frente a dor e a incompreensão?

MAIS UMA VEZ REPITO O MANTRA: "EDUCAR OS PROFESSORES"